Shodo ou o caminho da escrita
No sábado passado, dia 10, começou o ano do Dragão e eu fui passar a tarde num workshop (gratuito) de caligrafia japonesa, dado pela professora Yuko Kase, que é natural do Japão.
Não que eu alguma vez tenha celebrado a chegada do ano novo chinês, mas a caligrafia japonesa é uma arte, «considerada como uma das artes mais tradicionais do Japão.(...) É mais do que um gesto de escrita. Ainda hoje é uma das disciplinas que faz parte nas escolas. Além de praticar caligrafia nas escolas, muitos japoneses frequentam nas casas de mestres para praticar mais. Os primeiros passos da aprendizagem consistem sempre em imitar/copiar os modelos, que são fundamentais. É uma arte viva apesar de ser tradicional.»
E copiar modelos foi exactamente o que fiz nas 2h30 de sessão. Em pinceladas largas e grosseiras, aprendi as linhas japonesas que compõem as palavras dragão (龍 ou 竜), eternidade (永), flores (花) e pêssego (桃), com tinta da china.
A esta arte dá-se o nome de shodo: sho significa escrita e do significa caminho, pelo que, juntando b+a, ficamos com o caminho da escrita, sendo que este caminho é um caminho perpétuo, que levará a vida inteira, porque a aprendizagem é contínua. (É inevitável evocar aqui a filosofia Kaizen dos japoneses.) É o mesmo do de muitas palavras japonesas, sobretudo as que representam artes marciais – actividades que implicam disciplina:
- Judo (柔道) - Caminho suave
- Aikido (合気道) - Caminho da harmonia do espírito
- Karatedo (空手道) - Caminho da mão vazia
- Kendo (剣道) - Caminho da espada
- Iaido (居合道) - Caminho do combate de espada
- Kyudo (弓道) - Caminho do arco
- Bushido (武士道) - Caminho do guerreiro
- Jukendo (銃剣道) - Caminho da baioneta
Outros caminhos, não-marciais:
- Sado (茶道) - Caminho do chá
- Kado (華道) - Caminho das flores (arranjo floral, ikebana)
- Sushido (すし堂) - Caminho do sushi (aqui sou capaz de estar a inventar)