«Lugares seguros»
Os esforços que vejo algumas pessoas empreenderem na criação de safe spaces à sua volta parecem-me, apesar de bem-intencionados, bastante fúteis na sua execução. Desde logo porque uma simples risadinha ou um suave evitar de questões denunciam que o que a pessoa quer, na verdade, é continuar a comer descansadinha no seu lugar, sem ter nada que choque muito com a sua mundividência a tornar todas as suas garfadas à boca agridoces. Um safe space, em vez de ser entendido como um espaço onde é possível atravessar e habitar o desconforto pessoal, é antes visto como um sítio onde este jamais deve entrar. Romper com esse perímetro de segurança – por outras palavras, romper com o medo de ofender ou de acordarmos para as distâncias (in)transponíveis que nos separam do outro – é a verdadeira empatia.